PROJECTO INÉDITO DE DESCARBONIZAÇÃO EM LARGA ESCALA ARRANCA EM PORTUGAL
O consórcio industrial projetado para a zona da Marinha Grande reúne líderes industriais num
projeto inovador de descarbonização através da utilização de hidrogénio verde. O projeto, intitulado
“Vale Hidrogénio Verde Nazaré” (NGHV), abrange um conjunto de empresas representando cerca
de 10% do total de emissões da indústria nacional, tendo um forte impacto na sustentabilidade e nas
exportações das empresas, bem como das comunidades. O NGHV já está a replicar esta abordagem
noutros pontos do país.
O NGHV junta para já cinco empresas líderes na indústria nacional, grandes consumidores de energia, dos sectores do cimento e do vidro, ativas nas zonas da Marinha Grande, Leiria e Coimbra. O consórcio pretende revolucionar a forma como o país pode descarbonizar a indústria, com recurso a tecnologia madura que permite atuar em larga escala.
A transição energética do consórcio far-se-á pelo consumo de energia limpa, produzida a partir de fontes
renováveis como a energia solar, recorrendo a práticas da economia circular, como o aproveitamento de
águas residuais. A descarbonização das empresas que atualmente compõem o consórcio traduzir-se-á na
eliminação de uma fatia significativa de emissões nacionais de CO2.
Consórcio junta investimento estrangeiro e indústria nacional
O consórcio industrial, liderado pela REGA ENERGY, conta com as seguintes lideres industriais como membros fundadores: Águas do Centro Litoral, BA Glass, Cimpor, Crisal, GGND (Galp Gás Natural Distribuição), Secil e Vidrala. O consórcio inclui ainda os centros tecnológicos de investigação e desenvolvimento C5Lab, CTCV (Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro) e a Associação Portuguesa do Hidrogénio (AP2H2), bem como outros parceiros como a Fusion Fuel e Madoqua Ventures.
A REGA ENERGY é um produtor independente de gás renovável, sediado em Portugal, que pode aportar ao mercado nacional know-how e experiência internacional da indústria do hidrogénio. A atividade da REGA ENERGY vai permitir a criação de empregos e equipas de engenharia altamente qualificadas para desenvolver a indústria emergente do hidrogénio em Portugal.
O investimento direto inicial previsto para este consórcio ascende a mais de 100 milhões de euros. Até 2025, o consórcio prevê a necessidade de mais de 1700 postos de trabalho, dos quais 140 serão novos empregos.
“Portugal pode tornar-se uma das potências europeias da indústria de baixo carbono graças aos seus
abundantes recursos renováveis, exportando produtos premium e atraindo novas indústrias de baixo carbono. Sobriedade, reciclagem, eficiência, eletrificação não são suficientes para que algumas indústrias pesadas alcancem a neutralidade de carbono. O hidrogênio verde tem qui um papel fundamental, para assegurar uma descarbonização profunda. Vemos o projeto Nazaré Green Hydrogen Valley como o primeiro passo no caminho de descarbonização para a indústria de Portugal e estamos ansiosos por alargar o modelo a várias regiões industriais do país”, afirma Thomas Carrier, CEO da REGA ENERGY.
Otmar Hübscher e Luis Fernandes, respectivamente CEOs da SECIL e da CIMPOR, consideram que “o
hidrogénio verde a produzir pelo projeto Nazaré Green Hydrogen Valley (NGHV) representa um importante fator de competitividade, contribuindo de forma decisiva tanto para as metas estabelecidas pelo Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050 da indústria cimenteira nacional, como para a sustentabilidade das duas empresas do sector”.
A indústria do vidro também está empenhada neste projeto: “Este consórcio permite-nos continuar a honrar o legado de 300 anos na tradição do vidro da Marinha Grande. Para acrescentar ainda mais valor à sociedade e contribuir para uma economia mais circular, o vidro deve ser neutro em carbono. Mas como a indústria do vidro não pode, em termos energéticos, eletrificar a totalidade da sua operação, o consórcio NGHV surge como uma solução complementar e atrativa, através do fornecimento de hidrogênio verde”, concordam os diretores da BA Glass, Reinaldo Coelho, da Vidrala, Carlos Barranha, e da Crisal, Carlos Viegas, para quem esta é uma oportunidade única para dar um passo em frente na descarbonização.
Plano de negócio: baixo carbono e estabilidade de preços
O projeto de descarbonização em larga escala da NGHV pretende trazer vantagens competitivas ao consumo
intensivo, não apenas pela descarbonização mas também pela estabilidade do preço da energia. A
previsibilidade da estrutura de custos com energia nas grandes empresas permitirá ainda dotar o próprio
país de uma maior resiliência, estabilidade social e perspetiva de emprego a longo prazo.
Para as indústrias pesadas como a siderurgia, o cimento, vidro, cerâmica e fertilizantes, a eletrificação total não é uma opção para garantir uma descarbonização profunda. Estas indústrias, com peso significativo nas exportações portuguesas, passam a poder fabricar produtos de baixo carbono, com recurso a uma fonte de energia limpa, produzida em Portugal.
O gás renovável que não for consumido pelos clientes do consórcio será injetado na rede de gás natural
nacional e, através de acordos de compra indireta, permitirá a outras empresas industriais compensar as suas emissões resultantes do consumo de energia de fonte fóssil.
Operacionalização do projeto
Os participantes do consórcio NGHV esperam iniciar a implantação da sua infraestrutura até 2023, com o
início da operação previsto para o final de 2025, mediante apoios no financiamento. A infraestrutura incluirá uma rede elétrica dedicada, integrando uma central solar para produção de eletricidade de origem renovável que alimentará a instalação produtora de hidrogénio verde.
O “Vale Hidrogénio Verde Nazaré” em números
O investimento estimado por parte dos membros do consórcio para adaptação dos seus processos industriais rumo à neutralidade carbónica é superior a 100 milhões de euros. Numa fase inicial, o consórcio pretende instalar uma potência de 40MW, com o objetivo de chegar à meta de 600MW, fazendo do NGHV um projeto de referência na produção de hidrogénio verde.
O consórcio representa mais de 1MtCO2 de emissões por ano, cerca de 10% do total de emissões de CO2
do sector da indústria, correspondendo a 2,5% do total das emissões de CO2 de Portugal.
Um projeto de futuro: inovador, tecnológico e de economia circular
A descarbonização é hoje um imperativo da atividade económica, exigindo uma estratégia sustentável, fiável e assente em práticas de economia circular.
Este é o mais ambicioso projeto desta natureza lançado em Portugal. O “Vale Hidrogénio Verde Nazaré”
poderá ser replicado noutras zonas do país, ajudando empresas a atingir as desafiantes metas ambientais
definidas pela União Europeia, promovendo a preservação e especialização do emprego em cada região.
O NGHV apoia a transição climática, seguindo a agenda definida pela União Europeia, com os objetivos de uma transição verde e digital para Portugal.