A Comissão para a Defesa da Linha do Oeste mostrou-se preocupada com o que se está a passar com as obras de modernização e eletrificação da linha do Oeste, nomeadamente no troço entre Caldas da Rainha e Meleças.
Declarações do porta-voz da comissão, Rui Raposo:
Em baixo pode ler o comunicado enviado às redações:
“LINHA DO OESTE – A LINHA DO NOSSO DESCONTENTAMENTO!
Atraso sobre atraso, podemos dizer que chegados ao início de 2025, continuamos sem saber
quando terminarão as obras de modernização e electrificação da Linha do Oeste, face ao conjunto
de incertezas existentes e que são evidentes.
A Infraestruturas de Portugal, SA, dona da obra, anunciou há poucos dias que a obra estará pronta
no 2º semestre deste ano, informação confirmada pelo Gabinete do Secretário de Estado das
Infraestruturas, em reunião realizada com a Comissão Para a Defesa da Linha do Oeste (CPDLO),
em 9 de Janeiro.
Contudo, as dúvidas subsistem quanto à conclusão das obras, quando se sabe que:
- Entre Torres Vedras e Runa não foram feitas quaisquer obras de remodelação, com excepção da
implantação dos postes de catenária;
- O apeadeiro de Runa não foi ainda remodelado;
- Não arrancaram as obras de construção da subestação elétrica de Runa que alimentará a Linha do
Oeste, no troço Meleças/Caldas da Rainha.
Relativamente a esta última obra, as dúvidas são ainda maiores, já que na mesma reunião de 9 de
Janeiro, foi transmitido à CPDLO que, transitoriamente, a energia elétrica na Linha do Oeste será
garantida pela Subestação da Amadora que, para o efeito, será reforçada.
Contudo, até onde chegará a energia elétrica não se sabe: Malveira? Torres Vedras? Bombarral? O
reforço da Subestação da Amadora trará novos custos, sem garantia de esta vir a fornecer energia
elétrica a todo o troço Meleças/Caldas da Rainha.
Como a CPDLO transmitiu, na reunião no Gabinete da SEI, continuam a pôr-se em causa os
objetivos fundamentais da obra quando, não se garante que concluída aquela, os comboios
elétricos possam circular na totalidade do troço a sul das Caldas da Rainha.
A propósito de comboios elétricos, convém referir que em pleno, as novas composições só
circularão no 2º semestre de 2026, já que a sua chegada a Portugal só acontecerá no 1º semestre
do próximo ano. Até lá, continuarão a circular as “velhas” composições a diesel.
E O TROÇO CALDAS DA RAINHA/LOURIÇAL
Quanto a este troço, confirma-se cada vez mais que a modernização e eletrificação não deverá
ver a luz do dia, antes de 2030, num atraso brutal muito superior ao prazo inicialmente anunciado
pela IP e pelo Governo. Isto devido a uma fraca gestão e planeamento da IP e a falta de empenho
dos sucessivos governos no lançamento do concurso para a execução, quando já existia verba
prevista para a obra.
A CPDLO sempre defendeu que as obras de modernização e eletrificação deveriam ter sido
projetadas e executadas em toda a Linha do Oeste, entre Meleças e o Louriçal e não dividindo o
eixo ferroviário em dois, já que isso iria sempre causar maiores atrasos na sua conclusão. Tínhamos
razão! Aquilo que poderia ser feito em cinco ou seis anos, poderá arrastar-se por mais de dez anos.
Para a Comissão Para a Defesa da Linha do Oeste. Ficam prejudicados os municípios afetados pela
Linha do Oeste, as populações no plano do direito à mobilidade e no plano ambiental. E, também,
a ferrovia no nosso País.
OS DESCONTOS E GRATUITIDADE NOS TRANSPORTES PÚBLICOS, NÃO DEVEM SER SÓ PARA A RODOVIA
As recentes decisões tomadas pela OESTE-CIM, no sentido de concretizar descontos e garantir a
gratuitidade no transporte colectivo rodoviário, na área dos municípios da OESTE-CIM, são
entendidas pela CPDLO como positivas para as populações no direito à mobilidade.
Contudo, continuamos a considerar que o direito aos descontos e à gratuitidade, têm de ter
carácter universal e não podem existir condições diferentes, consoante a região do País e de
acordo com o local onde se reside.
Por outro lado, como no caso de toda a região abrangida pela Linha do Oeste, não pode haver
diferença de tratamento entre os utentes do comboio e do autocarro, como acontece, pelo menos
para já, nas medidas anunciadas pela OESTE-CIM.
Importa que estas medidas sejam adoptadas em simultâneo, na rodovia e na ferrovia, sendo
indispensável que o Governo, a CP e a OESTE-CIM se entendam e acordem com muita brevidade os
mesmos descontos e gratuitidade para a Linha do Oeste. Não se admitem atrasos prolongados
como aqueles que aconteceram na implementação do PART aplicado à ferrovia em 2019/20.
A CPDLO continua a considerar que todas as etapas já concretizadas no processo de modernização
e electrificação, só foram possíveis de alcançar pela persistência e insistência desta Comissão e das
populações na luta em defesa da Linha do Oeste.
Para vermos os novos comboios na Linha, numa linha integralmente modernizada e electrificada,
temos de dar continuidade a esta luta.”.
R. Cister, Adriana Zeferino