Mudar mentalidades é um dos principais objetivos de Margarida Vicente, uma jovem de 25 anos, natural dos Casais de Santa Teresa, em Aljubarrota, que se licenciou em Educação em Portugal, mas que decidiu mudar toda a sua vida e embarcar numa nova aventura: trabalhar no Tarrafal, em Cabo Verde.
Admitindo que sempre teve vontade de emigrar, especialmente para África, contou-nos que está a trabalhar na Delta Cultura, uma Organização Não Governamental (ONG), com crianças com idades compreendidas entre um ano e meio e os 6 anos.
Como nos países africanos ainda é hábito recorrer à violência para educar uma criança, o seu objetivo passa também por conseguir mudar isso! E claro, mostrar aos jovens que são livres de serem o que quiserem, sem precisarem de ter medo dos adultos.
Por exemplo, algo que nos contou foi que:
“O tema do desfralde é bastante delicado aqui. Os adultos não respeitam os tempos das crianças e forçam-nas a andar sem fralda, esperando que, com um ou dois anos de idade, já lhes consigam dizer que precisam de ir à casa de banho. Tudo isto acontece por falta de conhecimento e por vezes é difícil fazer o adulto entender algo que ‘sempre foi assim’… Contudo, com toda a calma do mundo, eu tento fazer esse trabalho com as crianças. Dou-lhes segurança e carinho para que se possam sentir seguras na minha presença e conversar quando acontece algum ‘acidente’, como é normal nestas idades. Faço-os perceber que está tudo bem, que acidentes acontecem e estou aqui para os ajudar! É um processo lento e individual de cada criança, mas é preciso ter esse cuidado, respeito e atenção!”.

Ainda neste âmbito, de “mudar mentalidades”, e uma vez que a maioria das educadora não têm formação na área da educação, irá começar a dar formação às mesmas, de forma a dotá-las das competências necessárias para que sejam menos rígidas com as crianças, e claro, mais empáticas.
A jovem é apaixonada por crianças e mudou toda a sua vida para tentar mudar também a daquelas crianças, e fazer a vida delas um pouco mais feliz! No futuro, pretende fazer formação em Playing Outdoor, ou seja, brincar na rua, e em Forest School, uma abordagem pedagógica que proporciona sessões de aprendizagem na natureza.




R. Cister, Adriana Zeferino