Arrancou ontem no Montijo a 25ª edição da Feira Nacional do Porco, o maior certâme nacional dedicado ao setor da suinicultura.
Aproveitando a oportunidade de dinamizar a raça e os produtos alimentares baseados na carne do Malhado de Alcobaça, a Câmara Municipal de Alcobaça em parceria com o LGMA – Livro Genealógico do Malhado de Alcobaça, a FPAS – Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores e um conjunto de produtores de Malhado marcam presença com um stand neste evento.
“Tratando-se de uma das três raças suínas autoctones portuguesas, o Malhado de Alcobaça reúne um conjunto de características em termos textura e de sabor que atestam bem o seu potencial de afirmação como uma marca identitária do concelho. A Câmara Municipal de Alcobaça tem vindo a desenvolver um trabalho de parceria com os produtores para alavancar esta marca, e a presença neste evento é o reflexo dessa salutar colaboração”, explica o Vereador do Ambiente e Agricultura, Paulo Mateus.
Visite o stand do Porco Malhado de Alcobaça na 25ª edição da Feira Nacional do Porco, entre os dias 12 e 14 de maio no Parque de Exposições do Montijo.
Sobre o Porco Malhado de Alcobaça
Resultado de cruzamentos entre porcos bísaros e raças inglesas melhoradas (Berkshire e Yorkshire), feitos pelo veterinário Joaquim Inácio Ribeiro em 1865, o Malhado esteve quase em extinção, devido à Peste Suína Africana que assolou Portugal, no final de 1957, e ao fraco potencial económico dos seus criadores que não tinham mais de duas porcas reprodutoras. Dez anos antes existiam cerca de 65 mil animais desta raça.
Em risco de extinção, a raça foi preservada até aos dias de hoje pelo produtor Selecpor. Em 2020 é composta por 211 fêmeas inscritas no Livro Genealógico da raça (148 fêmeas em linha pura) e 12 varrascos, distribuídos por 10 criadores registados na Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores (FPAS), os quais têm vindo a tomar medidas para preservar este património 100% português e com muita potencialidade. São eles: A.M. Carmo (Alcobaça), Casa Agrícola Pedras Mateus, Lda. (Alcobaça), Querido & Subtil, Lda. (Alcobaça), Escola Profissional Agricultura e Desenvolvimento Rural de Cister (Alcobaça), Granja ABBATIALE (Nazaré), Tecniporc, Lda. (Alcobaça), SELECPOR, SA (Aveiras de Cima), AIM CIALA, SA (Santiago do Cacém), Escola Superior Agrária Santarém (Santarém), EZN – INIAV (Santarém) e Ovinos do Futuro, Lda. (Lourinhã).
Em 2014, a FPAS assegurou a gestão do Livro Genealógico (LGMA) da raça e foram também criados um núcleo de conservação no polo de investigação da Fonte Boa – Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) e um núcleo de multiplicação na Escola Profissional Agrícola e de Desenvolvimento Rural de Cister (EPADRC), em Alcobaça.
Exemplo de preservação da biodiversidade e de um produto endógeno, a raça Malhado de Alcobaça resulta numa carne de excelente qualidade, ainda que não tenha conseguido – por ter estado em risco de extinção – a certificação DOP (Denominação de Origem Protegida). Uma das grandes dificuldades é o facto de a raça não ser competitiva em termos comerciais, visto que a média de leitões por ninhada é inferior à média de outras raças de massificação e o crescimento destes porcos ser mais lento. Contudo, a comercialização da carne deveria ser encaminhada para produtos na gama gourmet.
O conjunto de produtores da FPAS, a Associação dos Agricultores da Região de Alcobaça e a Câmara Municipal de Alcobaça têm desenvolvido esforços com vista à divulgação, certificação e registo da marca. Prova disso são as diversas ações de promoção já feitas, como a aquisição, no ano de 2014, de porcos desta raça para reprodução na EPADRC; a abertura de um balcão de bifanas e restaurante exclusivo de carne do Malhado na Feira de São Bernardo; e a publicação do conto infantil “O Porquinho Malhado”, escrito pela vereadora Inês Silva, e entregue gratuitamente a cerca 2500 alunos do 1.º ciclo do Ensino Básico.